Ozymandias, hybris, e a queda de Walter White: um estudo das referências intermidiáticas na série Breaking Bad.

Ubirajara Lopes da Cunha Junior, PPLIN/UERJ, Brasil
Bárbara Gouvêa da Rocha, PPLIN/UERJ, Brasil
Maria Cristina Cardoso Ribas, UERJ/ FAPERJ /CNPQ, Brasil:


A lição implícita do soneto Ozymandias (1818), do poeta inglês Percy Bysshe Shelley (1792–1822), congrega valores universais que ressoam na história humana: a efemeridade da vida, a implacabilidade do tempo, a vanidade do poder e da pretensão de legado humano e a hybris. Dessa forma, Shelley se posiciona em meio a uma tradição literária que remonta às tragédias clássicas gregas. No esteio dessa herança semântica, a série Breaking Bad (2008–2013), do roteirista e produtor norte-americano Vince Gilligan (1967–), que discute temas como o medo da morte, a frustração profissional e a ganância por poder, bebe da fonte oferecida pelo poeta inglês, fazendo uso de intertextualidade com temas e a mensagem do poema para potencializar sua própria mensagem, culminando na adaptação da imagem mais marcante de Ozymandias para ilustrar a queda de Walter White — o anti-herói da trama. Para averiguar o funcionamento de tais processos, utilizamos o arcabouço teórico oferecido por Claus Clüver (2011), na sua discussão acerca da natureza dos fenômenos que ocorrem entre mídias, e de Irina Rajewsky (2012), em seu texto que debate a noção de fronteiras midiáticas e como elas se formam por processos vinculados à cultura da época/lugar e ao desenvolvimento tecnológico, demarcando-se por convenções sincrônicas. Sob esse prisma, espera-se ser possível traçar as estratégias discursivas e midiáticas utilizadas por ambas as obras para adaptar os signos linguísticos desde os textos historiográficos de Diodoro Sículo até a cinematografia moderna da série — e, possivelmente, outros produtos midiáticos que orbitam o tema. 

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